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sábado, 7 de março de 2015

A Igreja Local (assembleia local, reunião local)

9. A IGREJA LOCAL

Quando uma igreja local é uma verdadeira Igreja do Novo Testamento? Quando a maioria dos membros é de crentes verdadeiros? Mesmo se somente uma minoria é de crentes verdadeiros? Quando os cristãos estão reunidos no Nome do Senhor? O que qualifica um grupo para ser considerado uma assembléia local?

Realmente o Novo Testamento não formula regras rígidas e firmes para o que é uma assembléia. Ele
estabelece que onde estiverem dois ou três reunidos no Nome do Senhor, Ele está no meio (Mt 18:20). E as Escrituras assumem que aqueles que compõem uma assembléia são cristãos, apesar de se reconhecer
também que incrédulos algumas vezes são contados sem querer (At 20:29,30).

Também o Novo Testamento parece assumir a presença de anciãos e diáconos em uma assembléia normal (Fp 1:1). Mas, além disso, não há uma forma final para dizermos que certo grupo de cristãos é igrejas do Novo Testamento e que outro não é. Podemos ser gratos por não sermos os juízes neste caso. Se um grupo confessa ser uma assembléia cristã, então deverá manifestar a verdade da igreja universal. Deverá ser uma miniatura, uma réplica do corpo de Cristo. Deverá apresentar um retrato vivo da igreja do Deus vivo.

Agora a situação entre as igrejas locais no mundo hoje é esta. Algumas assembléias locais representam a igreja universal muito mal. Algumas o fazem mais corretamente. Nenhuma o faz perfeitamente. O que você tem é um conjunto amplo de igrejas com todos os diferentes graus de semelhança à igreja universal. Algumas igrejas obviamente não têm o direito de serem consideradas como assembléias cristãs. Estou pensando nas igrejas liberais, por exemplo, que negam toda a doutrina fundamental da fé. Mas então temos uma ampla variedade de outras igrejas que reconhecem Jesus Cristo como o único Senhor e Salvador.

Algumas são mais evangélicas que outras. Quem pode dizer onde está a linha que divide aquelas que são igrejas do Novo Testamento daquelas que não são? Devemos deixar isso com o Senhor. Nossa responsabilidade é de edificar de acordo com o padrão, isto é, mostrar uma verdadeira semelhança à igreja em nossa própria assembléia local. Certamente nenhuma assembléia tem alguma razão para se orgulhar.
Se nos vemos a nós mesmos como o Senhor nos vê, murcharemos e morreremos. O orgulho espiritual é em si mesmo uma negação da verdade que estamos buscando sustentar.

Ao que Devemos ser Leais
W. Macdonald

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Regra dos Dons na Igreja

8. A REGRA DOS DONS NA IGREJA

Já tocamos brevemente nas regras dos dons na Igreja. Verdadeiramente todo crente tem algum dom, alguma função especial no corpo de Cristo. Adicionalmente existem os dons especiais de serviço de evangelismo, apascentamento e ensinamento (Ef 4:11). Os dons mencionados foram dados para ajudar todos os santos a encontrarem seus dons e exercita-los. Eles foram dados
para aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, e deste modo edificar o corpo de Cristo. Disso fica claro que:

A obra do ministério não é para uma classe especial de cristãos, mas
para todo o povo de Deus.

A obra dos dons especiais de Efésios 4 é para aperfeiçoar os cristãos
até o ponto onde eles possam prosseguir por si mesmos, e então irem em frente. Em outras palavras, os santos não devem se tornar perpetuamente dependentes de tais dons. Pelo contrário estes dons devem desenvolve-los para um trabalho no mais curto tempo possível, e então se mudar para novas áreas de oportunidade. Exatamente como os pais começam de forma correta a ensinar seus filhos a tomarem conta de si mesmos, assim devem estes dons ensinar as criancinhas em Cristo.

Agora isso levanta uma questão: “Quanto tempo devem tais dons permanecer em uma assembléia local”. Há somente uma resposta possível à questão – até que ele alcance amadurecer os santos para servirem. Paulo ficou em Tessalônica “por três sábados” (At 17:2), e ainda deixou para traz uma assembléia ingênua – se auto-suportando, auto-governando e auto-propagando. Tanto quanto o registro diz respeito, o máximo que ele permaneceu em um lugar foi os três anos que passou em Éfeso (At 20:31). Não é exatamente uma questão de quanto tempo um homem permanece em um lugar, mas mais de qual é o seu propósito.

O que ele está tentando fazer? Ele está tentando equipar os santos para prosseguirem por si mesmos?

A esse respeito, estes dons devem se guardar contra a tendência natural de se aninharem, e pensarem deles mesmos como tendo uma vida comprometida em um lugar qualquer. (Isso é tão verdade para um missionário estrangeiro quanto para os obreiros na pátria.) Eles devem se manter móveis. E devem também se guardar contra outro perigo sutil, que é o de sentirem que os santos não podem prosseguir sem eles. Quando estão ausentes, a assistência cai; isso faz com que pensem que não devem partir. Temem que toda a assembléia se despedace. Isso traz vanglória em pensar que são indispensáveis. E algumas vezes isso toca nosso orgulho em pensar que não somos mais necessários em um lugar em particular. Realmente devemos nos alegrar quando chegar essa hora.

Enquanto falamos de dons, há algo mais que deve ser mencionado. No Novo Testamento, estes dons eram carismáticos, não profissionais. O que queremos dizer é que estes dons eram homens que eram soberanamente dotados pelo Espírito Santo independente de treinamento ou profissão. Por exemplo, o
Espírito poderia alcançar e equipar um pescador para ser um evangelista. Ou Ele poderia tomar um pastor de ovelhas para ensinar Sua Palavra. Ou Ele poderia suprir um carpinteiro para exercitar o ministério pastoral entre os santos.

Não há nenhuma sugestão no Novo Testamento de que o treinamento profissional pode fazer de um homem um dom para a igreja. A idéia de que somente os homens que tenham escolaridade formal na Palavra estão qualificados para ministrar é repulsiva. O treinamento pode ser útil para um crente para obter uma compreensão das Escrituras, mas nenhuma quantidade de treinamento pode fazer de um homem um evangelista, um mestre ou um pastor. E há sempre o perigo do profissionalismo. Se as Escrituras são abordadas em uma base filosófica, então o treinamento pode ser uma coisa mortal e perigosa.

Ao que devemos ser Leais
W. Macdonald

quarta-feira, 4 de março de 2015

Cada Assembleia é responsável perante Cristo

7. CADA ASSEMBLÉIA É INDEPENDENTEMENTE RESPONSÁVEL PERANTE CRISTO

Há um outro princípio na Palavra de Deus que deve nos guiar em relação à assembléia, a saber, que cada assembléia é independentemente responsável unicamente perante Cristo. Não existem no Novo Testamento tais coisas como uma denominação, uma federação de igrejas, ou um círculo de comunhão. Não existe um quartel-general na terra, exercendo autoridade de nenhum tipo sobre as assembléias locais. O quartel-general da igreja está onde está o Cabeça – no céu.

Toda igreja local deve ser cuidadosa em evitar qualquer coisa que possa guia-la a um controle centralizado na terra. Esta centralização é o mal que acelerou a expansão do modernismo. Os liberais tomaram o controle dos quartéis-generais denominacionais e dos seminários. Eles sabiam que se pudessem controlar os quartéis-generais, então conseqüentemente poderiam controlar todas as igrejas.

A formação de um grupo central geralmente vem da pressão do governo ou de um desejo de obter certos benefícios do governo. Mas então a centralização facilita ao governo totalitário suprimir a igreja. Se eles capturam alguns poucos lideres denominacionais, então podem controlar as atividades de toda a denominação.

A vontade de Deus é que cada assembléia deve ser uma unidade independente, responsável diretamente perante o Senhor Jesus. Isso impede a expansão de erros, e habilita a igreja a seguir escondida mais facilmente em tempos de perseguição.

Ao que devemos ser leais
W. Macdonald

segunda-feira, 2 de março de 2015

A Presidência do Espírito Santo

6. A PRESIDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO

Outra verdade vital que toda assembléia local é obrigada a manter e praticar é a presidência do Espírito Santo (Jo 14:16,26). Isso significa que o Espírito Santo é o Representante de Cristo na igreja sobre a terra. Ele é o Único a Quem deve ser permitido liderar o povo de Deus em oração, louvor e adoração. Ele deve ter liberdade para falar através de servos de Sua própria escolha de acordo com as necessidades espirituais do povo de Deus.

Em 1Co 14:26, temos um quadro da reunião da igreja primitiva na qual havia esta liberdade do Espírito. “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação”. Quando o Espírito é deste modo livre para conduzir, haverá espontaneidade em ensinar, pregar, adorar e interceder.

A maioria de nós percebe que o ministério do Espírito Santo tem sido grandemente extinto pela introdução do ritual e da liturgia. O uso de orações impressas, de mensagens estereotipadas para certos dias do “calendário da igreja”, de uma ordem prescrita para a reunião que deve ser seguida sem se desviar – estas coisas agrilhoa o Espírito Santo na reunião da igreja local. Mas devemos nos guardar contra as formas mais sutis de agrilhoa-Lo. Por exemplo, devemos nos guardar contra regulamentos artificiais em nossas reuniões de comunhão. Em alguns lugares, há uma lei tradicional que não deve haver ministração antes do partir do pão. Ou que a reunião não deve passar de um certo horário. Ou que na adoração não devemos discorrer longamente sobre nossos pecados ou indignidades. Ou que devemos nos sentar ou levantar quando oramos ou cantamos. Todas estas regras agrilhoam o espírito da adoração espontânea e nos conduz ao formalismo.

Muitas vezes fazemos de um homem um ofensor por uma palavra. Talvez um novo crente expresse seu agradecimento a Deus por ter morrido por ele. Ele deve ser repreendido por isso? Todos nós sabemos que Deus, o Pai nunca morreu. E sem dúvida o novo crente também o sabe. Mas em sua própria consciência de tomar parte publicamente, ele está apto para se expressar pobremente. Deveria ele ser envergonhado por seu primeiro ato de fraqueza na adoração pública? Não é melhor ouvir seu pensamento sincero de adoração
defeituosa do que não ouvi-lo?

Falando de uma maneira geral cremos que o Espírito Santo guiará a adoração do Seu povo ao longo de um certo tema. Mas suponha que um irmão proponha um hino que parece ser um tanto sem conexão com este tema. Ele deve ser por isso impedido? Não é melhor cantar o hino e orar para que ele amadureça suficientemente para discernir o tema da reunião, então o fará sem perder nada da sua simpatia e afeição pelo Senhor?

Isso nos faz lembrar de um certo pregador a quem foi perguntado: “O que você faria se algum irmão propusesse um hino que obviamente não estivesse no Espírito?” Ele respondeu: “Eu o cantaria no Espírito”.
Ainda que busquemos dar ao Espírito Santo Seu próprio lugar na assembléia, tomemos cuidado com as regras que O agrilhoam e que matam a espontaneidade e a adoração não afetada.

Ao que devemos ser leais
W. Macdonaldi

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Ao que Devemos ser Leais - O Cabeça e os Sacerdotes


3. CRISTO, O CABEÇA DA IGREJA


Uma terceira verdade importante na qual devemos nos estabelecer é que Cristo é o Cabeça da Igreja (Ef 5:23, Cl 1:18). Isso significa que devemos confiar a Ele a direção e orientação dos negócios da assembléia local. Todos nós percebemos que a verdade do senhorio de Cristo é negado quando um papa, por exemplo, reivindica ser o cabeça da igreja na terra.


Mas devemos nos guardar contra o erro mais sutil de pensar que algum de nós tem algum direito de dirigir os negócios da assembléia. É tão fácil prestar serviço com os lábios ao Senhorio do Cristo, e ainda assim manobrar, influenciar e ser conivente de uma forma carnal a fim tomar o nosso próprio caminho. Ao invés de esperar nEle em jejum e oração, aplicamos métodos negociais de sucesso e a sabedoria deste mundo. Tudo isso é a negação prática do Senhorio de Cristo. Se Cristo é o Cabeça, então tudo deve ser feito sob Sua orientação e controle.

4. O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES


Então há uma quarta verdade – a verdade de que todos os crentes verdadeiros são sacerdotes. Em 1Pe 2:5-9, aprendemos que somos sacerdotes santos e reais.

Como sacerdotes santos oferecemos sacrifícios espirituais a Deus por Jesus Cristo (v.5). Estes sacrifícios incluem:

􀂃 O sacrifício do nosso corpo (Rm 12:1-2).
􀂃 O sacrifício do nosso louvor (Hb 13:15).
􀂃 O sacrifício dos nossos bens (Hb 13:16).

Como sacerdotes reais mostramos as excelências dEle que nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz (1Pe 2:9). Isso significa que todo crente deve testemunhar de Cristo, tanto pela vida quanto pelas palavras proferidas. Como sacerdotes santos entramos no santuário para adorar. Como sacerdotes reais saímos – para o mundo para testificar.

A idéia de que a adoração e o serviço são funções de um grupo especial conhecido como sacerdotes ou clérigos é desconhecida para o Novo Testamento. Todos os crentes são sacerdotes devem ser livres para exercerem suas funções sacerdotais.

W. Macdonald

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Ao que devemos ser leais - continuação

02 - Todos são membros...

Não somente devemos amar os outros crentes, orar por eles e buscar os edificar, mas também devemos aprender deles (1Co 12:21). É um erro pensar que temos toda a verdade e que não podemos nos beneficiar espiritualmente com aqueles de fora da “nossa própria comunhão”. Todo membro tem algo para contribuir com o restante do corpo. Quaisquer barreiras levantadas por homem que empeçam os crentes de ajudar outros crentes são contrárias à vontade de Deus.

Devemos nos abster da crítica, ciúme, fofoca, maledicência ou julgamento (Lc 6:37). Todo crente é um despenseiro do Senhor. Somos claramente proibidos de julgar outros antes da hora, isto é, antes da volta do Senhor (1Co 4:5). Paulo pergunta: “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai” (Rm 14:4). E quando Pedro se preocupou com o serviço de João ao Senhor, Jesus disse: “Que tens tu com isso? Segue-me tu” (Jo 21:22).

Devemos nos alegrar em todo lugar onde Cristo é pregado, quer ou não concordemos com os métodos e motivos. Paulo escreveu aos Filipenses: “Verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mas outros o fazem de boa mente; estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; mas
aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei” (Fp 1:15-18).

O fato de que desta maneira reconhecemos todo crente verdadeiro como membro do corpo de Cristo, NÃO significa que adotaremos suas orientações e práticas. Somos responsáveis em obedecer a Palavra de Deus como Ele tem revelado a nós. Podemos amar as pessoas sem amar o sistema onde elas se encontram e sem nos tornarmos parte dele. Quanto à preocupação com o nosso próprio caminho, devemos ser inflexivelmente obedientes à Bíblia. Quanto à preocupação com os outros crentes, devemos ser pacientes e tolerantes.

Texto de: WILLIAM MACDONALD

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ao que devemos ser leais - Membros


2. TODOS OS CRISTÃOS SÃO MEMBROS


A segunda grande verdade na qual devemos nos estabelecer é que todos os verdadeiros cristãos são membros do corpo de Cristo e, portanto, membros uns dos outros (1Co 12:12-26). Sendo assim, é necessário que reconheçamos todos os cristãos como nossos irmãos.

Nem sempre é fácil faze-lo. Os homens ergueram cercas. As pessoas são mais leais às suas próprias denominações do que são ao corpo de Cristo. Elas não reconhecem a unidade do Espírito.
Mas a dificuldade toda não está com as outras pessoas. Mesmo em nosso coração, há muitas vezes o desejo de ser diferente, de pensar de nós mesmos como tendo uma compreensão sobre a verdade da igreja ou de alguma outra verdade. Muitas vezes achamos que é difícil favorecer aqueles que não vêem exatamente como nós vemos. Ao invés de nos alegrarmos quando outros são guiados a uma certa medida da verdade divina, estamos prontos para ressaltar os pontos nos quais eles ainda são diferentes de nós. E muito freqüentemente disputamos mais asperamente com aqueles cuja ordem da igreja é notavelmente
similar à nossa.

Como então podemos dar uma expressão prática à verdade que todos os cristãos genuínos são membros do corpo de Cristo? Primeiro de tudo, devemos amá-los porque pertencem a Cristo (1Jo 4:11). O fato de que eles possam diferenciar de nós em várias áreas de doutrinas ou práticas não deve impedir nosso amor por eles. Devemos orar por eles (1Sm 12:23). Este é um dever que temos para com todo homem,  especialmente àqueles que são os domésticos da fé.

Terceiro, devemos buscar compartilhar com eles as verdades preciosas que Deus nos mostra na Palavra (2Tm 2:2). Isso não significa que devemos adotar uma política deliberada de roubar ovelhas, isto é, freqüentar outros grupos evangélicos com o propósito específico de conduzir pessoas para a “nossa própria comunhão”. Em nenhum lugar da Bíblia somos chamados para este ministério que causa divisão. Antes, em nosso contato individual com outros e quando guiados pelo Espírito Santo, devemos ministrar
Cristo a eles como o Centro da reunião do Seu povo. Devemos “ensinar a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1:28)...

continua...

Texto de WILLIAM MACDONALD.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ao que devemos ser leais

5 - A NEGAÇÃO DO MINISTÉRIO INDIVIDUAL

Continuação:

O ministério de um só homem muito freqüentemente reprime o desenvolvimento do dom em uma igreja local. Não há a mesma oportunidade para outros participarem. Alguns ministros insistem em confinar a maioria dos trabalhos a si mesmo; levam a mal quem quer que seja que se intrometa em sua ocupação.
Mas mesmo quando este não é o caso mesmo onde os ministros gostariam de ver outros participando – a verdadeira natureza do sistema clerical desencoraja o assim chamado leigo de desenvolver seus dons dados por Deus.

Quando um homem é assalariado pela congregação local como pregador, há freqüentemente a tentação sutil de se enfraquecer a mensagem. Isso pode não ser assim, mas o fato é que por controlar o salário do ministro, a congregação muitas vezes o impede de receber o pleno conselho de Deus. Ora, reconhecemos que existem muitos grandes homens de Deus no sistema clerical que pregam o evangelho fielmente, ensinam a Palavra, e buscam apascentar o rebanho de Cristo. E Deus os está usando.

Também reconhecemos que existem muitos “ministros individuais” que não têm o espírito clerical. Eles têm um desejo sincero de ajudar os santos de todas as forma possíveis, guiar pelo exemplo, e não dominar sobre a herança de Deus.

E nós também reconhecemos que é possível para alguém que não é um clérigo ter o espírito clerical. Na terceira carta de João 9-11, por exemplo, lemos sobre Diótrefes que agiu como um tirano na assembléia local. Mas resta o fato de que o sistema clerical é basicamente errado e não escritural. O mundo nunca será evangelizado da forma que Deus deseja, e a igreja nunca se aperfeiçoará de acordo com o plano divino enquanto a distinção entre clero e leigo for mantida.

Willian Macdonald

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ao que Devemos ser Leais - Unidade


1. A UNIDADE DO CORPO


Uma das mais óbvias verdades é a unidade do corpo de Cristo. Há um só corpo, uma igreja, uma assembléia (Ef 4:4).
Porque isso é verdade, todos os crentes são responsáveis por dar testemunho disso. Quando nos reunirmos, deveríamos expressar praticamente isso. Nada do que fazemos ou dizemos poderia nega-la.

Muitos crentes vêem muito claramente que seitas e denominações são uma negação da verdade do um só corpo (1Co 1:10-13; 3:3). As seitas criam a impressão de que Cristo está dividido e por isso deixam de representar a verdade da Palavra de Deus. Muitos de nós vemos isso muito claramente e recusamos nomes tais como Batista, Luterana, Metodista ou Episcopal.

Mas nós nem sempre vemos que qualquer destes nomes que nos separam de outros membros do corpo é divisor e não escritural. Mesmo se tomamos um nome bíblico como Irmãos, por exemplo, no minuto em que o qualificamos ou o capitalizamos, transgredimos. É um erro para alguns crentes se identificarem como Irmão de Plymouth, Irmãos Unidos, Irmãos Cristãos, Irmãos Evangélicos, Irmãos Abertos ou Irmãos Exclusivos tanto quanto o é para outros chamarem a si mesmos de Presbiterianos ou Pentecostais.
“Irmão” com um “I” maiúsculo implica que existem alguns crentes que não são irmãos, ou que alguns são irmãos de forma distinta. Ouvimos as pessoas perguntarem: “Ele está entre os Irmãos?” Ou reportarem com tristeza: “Ele deixou os Irmãos”.

A verdade é, naturalmente, que se ele é salvo, ele está entre os irmãos, e não pode deixar os irmãos já que o crente está eternamente seguro. Certamente é correto que devemos nos reunir somente no Nome do
Senhor Jesus Cristo, mas no instante em que falamos de nós mesmos como “Cristãos reunidos somente no Nome do Senhor Jesus“, significando que o fazemos e outros não, nos tornamos uma seita. Falar de um grupo particular de cristãos exclusivamente como “o povo do Senhor” mostra uma atitude sectária. Isso nos coloca na mesma classe daqueles que em Coríntios diziam: “Eu sou de Cristo” – significando que eles eram
de Cristo em exclusão a todos os demais (1Co 1:12).

Uma outra forma na qual aparece a inconsistência é o hábito de chamar uma reunião particular de cristãos em uma cidade de “a igreja” naquela cidade. Ou falar de estados ou cidades onde “não existem igrejas”. Realmente esta não é uma linguagem adequada. A igreja em qualquer cidade é constituída por todos os
crentes verdadeiros ali. Dentro daquela cidade pode haver várias reuniões de cristãos. Adicionalmente pode haver alguns crentes verdadeiros que não estão associados com uma comunhão local por uma ou outra razão; eles podem estar debaixo de disciplina, por exemplo. Todos compõem a igreja na cidade, embora
nem todos se reúnam em um só lugar.

Alguém dirá: “Bem, como posso distinguir minha igreja de outras igrejas evangélicas em Curitiba?” A resposta é: “Ao invés de chamá-la ‘igreja’ em Curitiba, refira-se a ela como a igreja que se reúne na Rua Belo Horizonte 372”. Então você não terá negado a unidade do corpo. Não devemos nos esquecer que somos cristãos, crentes, irmãos, discípulos e santos – e assim são todos os que foram redimido pelo sangue
precioso de Cristo. Negar isso através de qualquer tipo de sectarismo, denominacionalismo ou exclusivismo é negar a verdade da Bíblia e ser culpado de carnalidade e soberba.

W. Macdonald

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ao Que Devemos ser Leais - Intro

A QUE DEVEMOS SER LEAIS

INTRODUÇÃO

O que você pensa de uma pessoa que diz: “Meus pais eram membros desta denominação. Eu nasci nela e eu morrerei nela”. Você dirá: “Penso que ela está errada ao dizer isso” “Sim, mas porque ela está errada? ”
“Suponho que seja porque ela assume que sua denominação está certa e sempre estará certa”.

“Bem, então, a qual denominação ou grupo ela deve ser leal?” “Suponho que ela não deva ser leal a  nenhuma denominação, porque nenhuma denominação é perfeita”. “Uma questão final. Se ela não deve ser fiel a nenhuma denominação ou grupo cris
tão, a que ela deve ser leal?” “Ela deve ser leal ao Senhor e aos princípios de Sua Palavra”. Sim, naturalmente! Esta é a única resposta correta. É um erro desenvolver uma lealdade eterna a qualquer comunhão cristã, não importa o quanto escritural ela possa ser naquele momento.

Mesmo supondo que você rejeite toda a idéia da denominação. Suponha que você se reúna com cristãos que rejeitam qualquer nome sectário. Suponha, por exemplo, que eles se refiram a eles mesmos pelo nome inócuo de “a assembléia”. Busquem se aderir ao ensinamento da Palavra. Deveria você lançar todo sua sorte com eles permanentemente e ser leal somente a eles?

Se você o fizer, descobrirá que está em uma posição difícil. Você está entregue a um grupo que quase invariavelmente muda com o passar dos anos. Esta tem sido a história de quase toda comunhão cristã. Tendências liberais se arrastam para dentro dela. O zelo e a carnalidade dá lugar ao formalismo. Uma
hierarquia denominacional se desenvolve. Logo se pode escrever “Icabo” sobre todas as coisas – a glória se foi. Então mais uma vez, se você é leal a um grupo ou assembléia, sempre se levanta a questão: “Com quem particularmente devo concordar?” Há uma grande diferença entre os grupos de igrejas locais, bem como há grande diferença entre os indivíduos. Alguns são abertos, outros são exclusivos. Alguns conservadores, outros liberais. Alguns têm pastor que preside sobre a congregação, outros repudiam o ministério de um só homem. Não existem duas assembléias exatamente iguais.

Assim, existe um problema real. A que assembléias devemos ser leais? Devemos nós cegamente nos subscrever a todas as assembléias que podem estar listadas em um catálogo de endereços semioficial? Parece óbvio que não podemos consistentemente fazer isso. Devemos julgar cada assembléia individualmente pela Palavra de Deus, quanto ao que diz respeito à nossa própria afiliação pessoal.

Aqui está um outro problema. Se a minha lealdade deve ser a um grupo particular das igrejas locais, qual deve ser a minha atitude em relação a outros grupos cristãos que podem de alguma forma ser tão restritos ao padrão do Novo Testamento quanto o meu? Como posso avaliá-los? Simplesmente aceno para eles
dizendo: “Eles não estão entre ‘nossas’ assembléias”. Eu os aceito ou os rejeito pelas suas atividades que são relatadas em uma das ”nossas” revistas?

Então existe o assunto dos obreiros cristãos individuais “fora do nosso círculo”. Como podemos avaliá-los? Pergunto: “Ele foi recomendado por uma das nossas assembléias?” “Ele está conosco?” Ou inquiro se ele está servindo o Senhor de acordo com os princípios do Novo Testamento?

Certamente a política mais fácil é julgar indivíduos ou grupos por estarem ou não “conosco”. Isso não requer exercício espiritual ou discernimento. Mas é uma falsa e perigosa base de julgamento. Ela suplanta a Palavra de Deus com a nossa autoridade final. Ela assume um antecedente de que “nós” estamos corretos em nossa posição e que todos os demais devem se conformar conosco.

Ela nos conduz à inconsistência, embaraçamento e confusão. Os cristãos devem ser ensinados a testar todas as coisas pelas Escrituras. Esta é a nossa única autoridade. A questão não é: “Como fazemos em ‘nossas assembléias’?” mas “O que a Bíblia ensina sobre isso?” Nossa lealdade deve ser primeiro, último e sempre ao Senhor e aos princípios de Sua Palavra. E não devemos nunca assumir cegamente que qualquer grupo de crentes tem um monopólio da verdade, está apegado ao Novo Testamento em sua totalidade, ou está imune ao desvio ou afastamento.

Toda geração deve se guardar contra o perigo de escorregar para dentro da forma denominacional e sectária de pensar. Através dos séculos, tem havido grandes movimentos do Espírito Santo no qual certamente verdades têm sido recuperadas do entulho da tradição, formalismo e ritualismo. A primeira geração, isto é, os vivos no tempo destes movimentos foram adestrados com relação aos princípios escriturais envolvidos. Mas então a segunda e a terceira geração tenderam a seguir o sistema rotineiramente porque seus pais estavam ali, e porque eles mesmos foram criados ali. Houve um declínio da verdadeira convicção e um incremento na ignorância das bases bíblicas do padrão seguido.

Deste modo a história da maioria dos movimentos espirituais tem sido convenientemente descrita na série de palavras: homem... movimento... máquina...monumento.... No princípio há um homem, ungido de uma forma especial pelo Espírito Santo. Como outros guiado para a verdade, desenvolve um movimento. Mas lá pela segunda ou terceira geração, as pessoas estão seguindo um sistema com precisão como uma máquina sectária. Finalmente nada é deixado além de um inanimado monumento denominacional.

Se você fosse perguntar para uma amostragem de cristãos: “Porque você se reúne na comunhão daquela igreja?” Quantos deles você acha que poderiam claramente dar uma resposta bíblica? Não muitos! Há uma ignorância generalizada da verdade sobre a igreja do Novo Testamento, e por isso uma fraqueza geral de convicção sobre o assunto. Como podemos ter fortes convicções sobre algo que não conhecemos ou entendemos?

Na assembléia saudável do Novo Testamento, aqueles que estão na comunhão sabem porque estão ali. Eles não são degustadores de sermão ou seguidores de homens, mas cristãos que estão bem embasados na verdade do evangelho e da igreja. Eles estão preparados para julgar todas as coisas pela Palavra. Eles não estão inalteravelmente comprometidos a nenhum grupo particular de assembléias. Se se desenvolvem tendências que não são bíblicas e desonram o Senhor, buscarão a direção do Espírito Santo para a companhia daqueles que se encontram em obediência à Bíblia.

Vamos examinar algumas das grandes verdades concernentes à assembléia que são encontradas no Novo Testamento e às quais devemos ser leais.

William Macdonald

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ao que Devemos ser Leais - Conclusão

CONCLUSÃO
A que devemos ser leais?

Uma vez mais enfatizamos que devemos ser leais às Escrituras, não a algum sistema religioso ou a um círculo de comunhão. Em dias de deriva, devemos testar constantemente todas as coisas pela Bíblia e agir em conformidade. E haverá um preço a pagar. Seguir os princípios do Novo Testamento custa alguma coisa. Haverá reprovação do mundo e oposição de outros cristãos.

Mas nossa responsabilidade é clara. Devemos obedecer a Deus e deixar as conseqüências com Ele.


AOS OLHOS DE DEUS (Josué 7:13,20-23)

À vista de Deus caminhamos,
debaixo do sol, com o povo escolhido,
nada oculto nos é permitido;
Santidade!, é caminho conciliado.
Se ambicioso um “Acã” tomou
a fração anátema de morte,
aos olhos de Deus pecou;
todo o corpo sofreu a peste.
Se o espelho divino está em Cristo
e os juízos de Deus são perfeitos,
nada turbe o andar do cristão
nem o engano do olhar se aceita.
Que a cruz esteja sempre presente,
para a alma é o melhor deleite!
Despertai à vida do céu;
apartar-se do mal é prudente!
Praticar a pureza de Cristo
é aroma de suave alento,
substancial ao espírito novo
que no homem interior se difunde.
Se aos olhos de Deus caminhamos,
em Sua firme Palavra fundados,
do pecado é justiça apartar-se;
a graça de Cristo triunfou!

"Claudio Ramírez Lancién"


Extraído do Livro Ao Que Devemos ser Leais
de W. Macdonald
Fotos fonte: Google

Ao Que Devemos Ser Leais?

Nos próximos dias estarei compartilhando aqui, no nosso espaço virtual, páginas de um livro liberado para impressão, e creio que será de grande utilidade para nosso crescimento espiritual. A medida que eu for lendo, estarei disponibilizando o conteúdo lido, de já boa leitura:

      PREFÁCIO

Nestes dias em que o testemunho da cristandade professa é decepcionante e busca satisfazer mais ao homem do que a Deus e Sua Palavra, é extremamente importante, aos que querem experimentar uma vida cristã de autenticidade, que estejamos conscientes a que devemos ser leais. Em meio a tanta confusão de doutrinas, práticas, pregações, ensinamentos e até falsas revelações, é preciso que nos voltemos totalmente ao Senhor e à Sua Palavra unicamente.
Quando o Senhor Jesus foi questionado pelos saduceus sobre a doutrina da ressurreição, a qual eles não criam, Ele em toda Sua sabedoria celestial respondeu: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29). Isso é uma realidade ainda hoje. A grande maioria dos cristãos hoje tem pouco, senão nenhum conhecimento das Escrituras, e é daí que vem a fraqueza geral que pode ser vista na cristandade. Eles aceitam praticamente todas as doutrinas, práticas, pregações, ensinamentos e até falsas revelações, por não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus. Somente o exercício prático e diário da leitura da Palavra de Deus, a Bíblia, em humildade de espírito e diante de Deus, é que poderá trazer esclarecimento á vida cristã normal. Um cristão que lê pouco a Bíblia muito certamente não está preparado para discernir entre o que é e
o que não é da vontade de Deus.
Este escrito do irmão Macdonald explica com clareza e base totalmente bíblica a que devemos ser leais. Muitas vezes achamos que devemos lealdade a uma denominação ou a um certo grupo de irmãos onde congregamos, mas na verdade a nossa lealdade deve ser dedicada somente ao Senhor e à Sua Palavra. Para que possamos praticar essa lealdade é preciso que nos debrucemos sobre a Bíblia em oração e humilhação diante de Deus. Não sejamos subjetivos em nossas convicções quando lermos este livreto, mas sejamos libertos e completamente comprometidos somente com o Senhor e Sua verdade. Se ao lermos este livreto concluirmos que realmente estamos sendo leais a muitas outras coisas que não estão na Palavra de Deus, vamos nos arrepender e voltar a praticar aquilo que é da vontade de Deus. Vamos buscar testemunhar ao mundo que o Senhor ainda tem sobre a terra um povo, ainda que pequeno, leal à Sua Pessoa e à Sua Palavra. Esse precisa ser o testemunho pessoal do cristão e da igreja nestes dias de escuridão em que vivemos.
Que o Espírito Santo nos encaminhe a toda a verdade para que o Nome do Senhor Jesus seja exaltado e glorificado em tudo o que somos e fazemos.
Amém.
Texto de: WILLIAM MACDONALD
Fonte: Editora Restauração 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Um chamado à simplicidade

Saudai também a igreja que está em sua casa. Romanos 16:5...
O texto que segue, é o prefácio de um livro Cristão, livro este que foi o resultado de uma palestra ministrada a 30 pastores, na Flórida. O livro conta de uma maneira cronológica como era a Igreja Primitiva trazendo para nossa realidade aquilo que condiz com a essência, com a história do início da igreja, e com a própria Bíblia em si. Achei interessante compartilhar com os irmãos, pois, não perdemos por aprender. Não é um chamado à revolução, divisão, nem mesmo reforma, mas, creio eu que pode ajudar muita gente que já não consegue enxergar Jesus Cristo no cristianismo moderno com tantos absurdos...

Igreja nas casas estão definitivamente na moda hoje em dia. Faça uma busca na internet com a expressão "house church" e você ficará abismado com o tamanho da lista que aparecerá. 

Adicione a isto o número de livros sobre o assunto, revistas dedicadas a isto, artigos sobre igrejas nas casas em jornais, reportagem na televisão sobre elas, e você verá que o assunto é quente.

O problema é que muitas igrejas nas casas estão fazendo nas casas o que elas costumavam fazer nas suas igrejas com templos. Uma vez eu visitei uma igreja nas casas na qual cada pessoa portava um hinário. Nós todos cantávamos hinos enquanto a esposa do líder tocava órgão. Havia um tempo de testemunho. Nós orávamos por "pedidos de oração" (o líder era o último a orar). E então ouvíamos um sermão do líder.

É fácil ver que um dos PROBLEMAS dessas igrejas nas casas em particular é que ela não entendeu as virtudes de uma reunião aberta. Porém há um problema mais profundo e mais comum. É que esta igreja nas casas assumiu a essência exata do MODELO COMUM DE LIDERANÇA Cristã.

Infelizmente, eles não estão sozinhos nisso. Em algumas igrejas nas casas (e em algumas outras também chamadas de "igrejas neotestamentárias") a coisa está tão mal que a liderança se torna espiritualmente abusiva. É mais fácil tirar pessoas de uma igreja basílica do que eliminar o modelo moderno de liderança de muitas igrejas que estão tentando seguir as práticas do Novo Testamento. 

A palestra de Frank Viola para um grupo de pastores autoritários é um poderoso sumário da defesa do modelo NÃO-HIERÁRQUICO de liderança Neo-Testamentária. Leia-o. Fique chocado ao ver quão longe nós temos nos distanciado das práticas de Jesus e dos apóstolos do primeiro século. E então, dê uma lida nos outros livros de Frank e, em oração, considere o que Deus quer que você faça.

Frank Valdez,
Tampa, Flórida

terça-feira, 4 de março de 2014

Nosso Novo Testamento

Nosso Novo Testamento

Para abordar o tema do ministério no NT, é essencial colocar-se a ordem dos livros historicamente. Se o assumimos segundo a ordem de seqüência atual, que os evangelhos foram escritos primeiro, depois Atos, as cartas de Paulo começando por Romanos e terminando com as Epístolas Pastorais a Timóteo, Tito e a carta a Filemom, nunca poderemos entender o desenvolvimento das instituições e o pensamento da igreja primitiva. -Richard Hanson
Por quê devemos como cristãos seguir os mesmos rituais longe de Deus a cada domingo sem nos dar conta de que tais rituais não se coadunam com o NT? Parte da razão tem a ver com o incrível poder da tradição. Mas há algo mais. Diz respeito a nosso NT. O problema não está ligado ao conteúdo do NT. O problema está na forma como abordamos o NT.

A abordagem mais comum utilizada pelos modernos cristãos quando querem estudar a Bíblia chama-se “comprovação de textos”. A origem da “comprovação de textos” surgiu entre 1590 e 1600. Um grupo de homens chamados Escolásticos Protestantes tomou o ensino dos Reformadores e os sistematizou segundo as regras da lógica Aristotélica. Os Escolásticos Protestantes sustentavam não apenas as Escrituras como a Palavra de Deus, mas cada parte dela como Palavra de Deus — independente do contexto. Isto preparou o terreno para a idéia de que se tomamos um versículo bíblico esse verso é por si só correto e pode ser utilizado para comprovar uma doutrina ou uma prática.

Quando João Nelson Darby surgiu por volta de 1805, ele formou uma teologia baseada nessa abordagem. Darby elevou a comprovação de textos ao nível de uma forma de arte. Na realidade, os fundamentalistas e cristãos evangélicos devem a Darby o fato de grande parte de seus ensinos serem aceitos até hoje.

Todos eles foram construídos no método da comprovação de textos. A comprovação de textos tornou-se, portanto, a maneira pela qual nós, modernos cristãos, abordamos a Bíblia. Isto é ensinado em cada escola bíblica e seminário protestante na terra. Como resultado, nós cristãos raramente, ou quase nunca, olhamos para o NT em sua totalidade. Em vez disso, nos servimos com pratos de pensamentos fragmentados cozidos por uma lógica oriunda de uma humanidade decadente. O fruto dessa abordagem é que nos desviamos e que estamos bem longe da prática da igreja do NT. Mesmo assim pensamos que somos bíblicos. Permita-me ilustrar este problema com um conto fictício.

Conheça Marvin Snurdly

Marvin é um renomado conselheiro matrimonial. Durante seus vinte anos como terapeuta matrimonial, Marvin aconselhou milhares de casais com problemas conjugais. Ele usa a internet. A cada dia centenas de casais escrevem cartas a Marvin relatando suas tristes situações matrimoniais. As cartas chegam de toda parte do mundo. Marvin responde a todas. 

Cem anos se passaram, e Marvin Snurdly descansa pacificamente em sua sepultura. Ele tem um tataraneto chamado Fielding Melish. Fielding decidiu recuperar as cartas perdidas de seu tataravô, Marvin Snurdly. Mas Fielding conseguiu encontrar apenas treze cartas de Marvin. Das milhares de cartas que Marvin escreveu durante sua vida, apenas 13 sobreviveram! Nove destas cartas foram escritas a casais em crise matrimonial. Quatro foram escritas a cônjuges individuais.

Todas estas cartas foram escritas em um período de 20 anos: Entre 1980 a 2000. Fielding Melish compilou todas estas cartas em um único volume. Mas há algo interessante quanto à maneira como Marvim escrevia suas cartas e que dificulta a tarefa de Fielding. 

Primeiramente, Marvin tinha um hábito fastidioso de nunca encerrar suas cartas. Nenhuma contem dia, mês ou ano. Em segundo lugar, as cartas revelam apenas metade da conversação. As cartas iniciais escritas a Marvim que provocaram suas respostas agora já não existem mais. Conseqüentemente, a única maneira de compreender a base de alguma destas cartas de Marvin é reconstruir a situação matrimonial das respostas de Marvin.

Cada carta foi escrita em uma época diferente, a pessoas de cultura diferente, tratando de problema diferente. Por exemplo, em 1985 Marvin escreveu do Estado da Virgínia uma carta a Paulo e Sally, que passavam por problemas de ordem sexual desde o início de seu matrimônio. Em 1990 Marvin escreveu uma carta a Jetro e a Matilda da Austrália, que tiveram problemas com seus filhos. Em 1995 Marvin escreveu uma carta a uma senhora do México que passava por uma crise de meia idade.

Resultado: 20 anos — 13 cartas — todas escritas a diferentes pessoas em tempos diferentes em diferentes culturas — todas abordando problemas diferentes. 

Era desejo de Fielding Melish colocar estas 13 cartas em uma ordem cronológica. Mas sem as datas, ele não conseguiu fazer isso. Então Fielding as classificou por tamanho de uma forma decrescente. Quer dizer, ele pegou a carta mais extensa que Marvin escreveu e a colocou como a primeira. A segunda carta mais extensa como a segunda, e assim por diante. A compilação segue dessa maneira até que todas as 13 cartas estejam alinhadas, não cronologicamente, mas pela sua extensão.

A coleção é impressa e torna-se bem aceita no mercado. As pessoas as compram aos montes. Passam outros cem anos e as Obras Colecionadas de Marvin Snurdly compiladas por Fielding Melish resistem ao passar do tempo. A obra continua bem popular. Mais cem anos se passa, e este volume está sendo prolificamente disseminado pelo mundo ocidental. (Agora Marvin descansa há 300 anos em sua tumba).

Este livro foi traduzido em dezenas de idiomas. Os conselheiros matrimoniais o citam a todo instante. As universidades o utilizam em suas classes de sociologia. É tão bem sucedido que alguém tem a luminosa idéia de modificar o volume para facilitar a leitura e o manejo. 

Qual é essa idéia luminosa? É dividir as cartas de Marvim em capítulos e frases numeradas (que chamamos de versículos). Então as Obras Colecionadas de Marvin Snurdly saem com capítulos e versículos. 

Mas ao agregar capítulo e versículo a estas cartas que uma vez foram vivas, algo muda de uma forma desapercebida. As cartas perdem seu toque especial. Elas adquirem um aspecto de manual. 

Diferentes sociólogos começam a escrever livros sobre o matrimônio e a família. Qual sua principal fonte? As Obras Colecionadas de Marvin Snurdly. Compre qualquer livro no século XXIV sobre o tema do matrimônio, e você averiguará que o autor cita capítulos e versículos das cartas de Marvin.

Geralmente, a coisa ocorre assim: Ao fazer uma observação particular um autor citará um versículo da carta de Marvin escrita a Paulo e Sally. O autor depois levantará outro versículo da carta escrita a Jetro e Matilda. Ele extrairá outro versículo de outra carta. Depois ele tece estes três versículos juntos e com base nisto constrói sua filosofia particular sobre o matrimônio.

Cada sociólogo e terapeuta matrimonial que escreve um livro sobre o matrimônio fazem o mesmo. Todavia há aqui uma grande ironia. Cada um destes autores constantemente contradiz os demais embora utilizem a mesma fonte! 

Mas isso não é tudo. As cartas de Marvin adquirem o ranço de uma prosa fria quando originalmente elas eram vivas, eram cartas que se referiam a pessoas reais e lugares verídicos. Mas elas viraram uma arma nas mãos de homens motivados por agendas. Muitos autores começaram a empregar textos comprobatórios isolados da obra de Marvin para defender-se perante aqueles que não concordavam com sua filosofia matrimonial. 

Como puderam fazer isso? Como saber quem está certo? Como podem todos estes sociólogos contradizer-se mutuamente enquanto usam a mesma fonte!? É porque as cartas foram retiradas de seu contexto histórico. Cada carta foi arrancada de sua seqüência cronológica e de seu cenário da vida real. 

Em outras palavras, as cartas de Marvin Snurdly foram transformadas em uma série de frases isoladas, fragmentadas, desunidas — facilitando o trabalho de quem queira levantar uma frase de uma carta, uma frase de outra carta, para depois uni-las e criar a filosofia matrimonial segundo seu gosto. 

Uma história surpreendente, não é? Bom, o ponto é esse. Não importa se você percebeu ou não, acabo de descrever seu NT!

Fonte: CP, A Origem das Práticas de Nossa Igreja Moderna
"Frank A. Viola"